Madison, a filha de Bobby McFerrin
O ótimo álbum de estreia de Madison McFerrin; Diddy na mira da Justiça norte-americana; e o livro "Black No More"
O talento musical, às vezes, parece vir embutido no DNA.
Madison McFerrin — filha do músico de jazz Bobby McFerrin (“Don't Worry Be Happy”) e da cantora Debbie Green — comprova esta “teoria”.
A família McFerrin, na verdade, sempre foi celeiro de talentos: além de ser filha de Booby e Debbie, Madison é irmã do produtor e tecladista Taylor McFerrin e neta do barítono Robert McFerrin (o primeiro cantor de ópera negro a cantar no Metropolitan Opera de Nova York).
Depois de uma sequência de bons singles e EP´s [que teve inícioem 2016], Madison, aos 32 anos de idade, chega a “I Hope You Can Forgive Me” — seu álbum de estreia.
Em tempos de muitas opiniões na internet [e época em que a crítica musical foi relativizada], a criteriosa Pitchfork (a seu modo) deu uma boa nota e teceu elogios ao álbum de estreia de Madison:
“´I Hope You Can Forgive Me´ captura o espaço bagunçado e confuso que precede o crescimento futuro. Sua ansiedade fica evidente em músicas como “Utah”, onde um debate sobre onde morar reflete uma tensão sufocante em um relacionamento, e “OMW”, em que ela pede a outra pessoa que continue, querendo seu próprio tempo e espaço. Mas McFerrin também insiste que os outros reconheçam o seu valor: “Você vai me ver e acreditar em Deus”.
Destaque para a ótima “(Please Don’t) Leave Me Now”. A faixa foi composta depois que Madison sofreu um grave acidente de carro — e traz reflexões sobre como ela sobreviveu (e enfrentou) um fato trágico que poderia ter tirado sua vida.
Vale buscar o álbum nas plataformasn de streaming — e, claro, ouvi-lo da primeira à última faixa!
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Depois de R. Kelly — que segue cumprindo uma longa pena de prisão — outro ídolo da música negra eastá sob investigação. Sean “Diddy” Combs (ex-Puff Daddy) começou a ser investigado pela Justiça norte-americana.
O nome de Diddy está associado a casos de violência e a uma longa série de abusos.
Desde novembro de 2023, o rapper e produtor foi citado em oito (!) ações civis que o acusam diretamente de agressão sexual. Na extensa lista, um dos processos chama atenção: o que foi movido por Cassie Ventura, ex-namorada de Diddy.
O Caso Diddy chama atenção por novamente associar violência a ritmos negros e seus protagonistas.
Sobre isso: vale a pena a leitura do livro “The rap on gangsta rap : who run it? Gangsta rap and visions of black violence, de Bakari Kitwana.
Recentemente, Cassie Ventura apareceu [em vídeo datado de 2016] sofrendo agressões de Diddy. Segundo a imprensa norte-americana, as imagens foram gravadas por câmeras de segurança.
Dias depois da publicação do antigo registrado há seis anos (o que não alivia em nada o crime!), o rapper publicou um conteúdo [pouco convicente] onde tentava explicar as cenas de violência contra a ex.
Segundo a CNN, investigadores federais estão se preparando para levar todas as acusadoras do rapper a um grande júri federal. E tudo indica que o Departamento de Justiça dos Estados Unidos pode estar procurando meios para indiciar Combs.
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O que estamos ouvindo, lendo e dando likes
Livro » “Black No More” | George S. Schuyler | 180 páginas — Nova York, 1933. Max Disher, rejeitado por uma loura racista, descobre um processo que transforma pele preta em branca: o método Black No More. Transformando-se em Matthew, Max passa a explorar o racismo para ganhar respeito e dinheiro. Essa sátira incisiva revela e critica os mecanismos do racismo na sociedade.
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Música » Shafiq Husayn – “It’s Better For You” (2014) | EP que mistura sonoridades do hip hop/rap, soul e funk com influências futurísticas e produção detalhada. Conhecido por seu som único, Husayn colabora com artistas como Anderson .Paak e Thundercat — o que dá pistas de uma experiência sonora rica e multifacetada.
Instagram » @oronaldcruz | “Quero que o corpo negro não seja apenas um corpo que transmita a dor e o sofrimento". A frase de Ronald Santos Cruz traduz sua linguagem como um dos principais fotógrafos brasileiros de cultura negra contemporânea.
No perfil do artista/fotógrafo, no Instagram, é possível encontrar belíssimos cliques de Ronald produzidos em sessõe de fotos com personalidades negras como Taís Araújo e Lázaro Ramos.
Visite o Seis e Um Podcast e ouça a entrevista de Ronald com Djalma Campos!